domingo, 21 de fevereiro de 2010

Uma coisa que eu sei

Fazer a festa
Hoje estive conversando com uma amiga sobre a festa de 1 ano de meu filho.
Estou cheia de ideias! Super empolgada e tal...
Eis que ela diz: Pena que ele não vai entender , nem curtir nada...
(pausa)
Bom, como é meu segundo filho, eu posso dizer para vcs:

ELES CURTEM MUITO!

E não estou dizendo só no dia da festa, a "curtição" dura anos!
Minha filha de 6 anos volta e meio pega cada álbum de cada aniversário para rever e não satisfeita, assiste aos vídeos, ela ama!!!

Isto não quer dizer que vcs devem se endividar para fazerem uma super festa, não!
Mas é uma data para ser comemorada, chama 5 amiguinhos, faz uma brincadeira, compra um kit festa no Saara de um personagem que ele ama, bolo, brigadeiro, pão de queijo, pipoca, PRONTO!

Eu sou suspeita, porque EU AMO FESTA. Mas juro para vcs que qualquer comemoração animada já vale!

Uma outra amiga minha fez uma festa para o filho e ficou louca quando armou o maior temporal, a festa era numa churrasqueira, conclusão, no finalzinho da festa caiu um super temporal, as crianças cantaram parabéns dançando na chuva, se molharam à beça, minha amiga, coitada, quase chorando, achando que tudo tinha dado errado.
Quando estava tudo acabado o filho dela diz: "mãe, essa foi a melhor festa da minha vida!" E depois ela ficou sabendo que na escola os amiguinhos diziam que aquela festa tinha sido muito irada, a mais animada!

Enfim, criança gosta de ser feliz!

Tirem fotos! Eles adoram ver depois, se der, filme!

Quando um filho faz aniversário temos que comemorar também mais um ano que somos mãe!

Uma coisa que eu sei:

Terça, depois das 17h, pego minha filha na escola, minha mãe e a babá me acompanham, fato inusitado. Devo estar de bom humor e confiante, tão confiante que decido mesmo com essa comitiva ir ao shopping e depois em um uma loja de móveis, quer dizer, era isso que eu tinha programado.
No carro, minha filha pede insistentemente por chocolate, mãe esperta, já tinha mandado a babá levar o jantar, ela saca rápido da bolsa o prato hermeticamente fechado e já pré-aquecido e faz aquela velha barganha: “ se comer o jantar, aí a mamãe dá chocolate”, funciona.
Vou até um shopping que tem um ótimo parquinho, achando que poderia deixa-la lá com a babá e comprar umas prateleiras numa loja ali dentro mesmo. Sim, as prateleiras são para os brinquedos, que proliferam a cada dia e que para horror do meu marido cismam em se espalhar por toda casa. Resolvi dar uma de boa dona de casa e organizar o espaço dela, pensei até em ir numa mulherzinha de artesanato e pedir para fazer uma plaquinha para afixar na parede: “ Mundo maravilhoso dos brinquedos”. Eu tento, mas minha mente ultra criativa e fantasiosa não se contenta só com prateleiras cheias de brinquedos, tem que ter uma dose temática.
Entrando no shopping, crente que minha filha ia querer ficar “internada” dentro do parquinho, para minha surpresa, não, mãe não tem mais surpresa, mãe sabe que sempre o que ela planeja com a filha é tudo o que não vai acontecer. Ela ensaia uns passos de birra e diz que não quer ficar no parquinho, quer ficar andando naqueles brinquedos sem graça onde você coloca uma ficha e a nave sobe, o carrossel gira, o trem balança de um lado para o outro e tudo me dá vontade de vomitar. A avó mais do que depressa compra várias fichas e começa a brincadeira pelo carrossel. Por alguns minutos tento acompanhar aqueles giros monótonos, fingindo q vou agarrá-la a cada vez q ela passa por mim, ela parece gostar, mas depois de uma meia dúzia de investidas e aquela “rodação” toda, achei melhor parar antes de meus olhos embaralharem mais, minha cabeça doer e finalmente eu fazer o inevitável: vomitar em cima do carrossel.
Falo com a babá que vou ali, ali pertinho, ver as prateleiras e já volto, saio à francesa para não haver protestos, no caminho até a loja começo a sentir os pés doendo e penso: “ pq eu sempre tento usar salto alto qdo saio com criança?” mas eu já havia usado aqueles sapatos antes, não com criança, mas para reuniões, jantares, noitadas e ele nunca me deu problemas, então é claro q eu vou agüentar.
Chego na loja com minha mãe, ando mais um pouco procurando a seção de prateleiras, sinto os dedos mindinhos começarem uma revolta.
Não, não tem a prateleira que eu queria, ok. Vou em outra loja, é só pegar a babá com a criança, entrar no carro, rodar uns poucos quilômetros e pronto! Sou uma dona de casa perfeita!
Andando de volta para os brinquedos minha mãe pára numa loja de bijoterias e isso só eu e Deus sabemos o que significa: Muitas horas para ás vezes não levar nada! Ela começa a ensaiar um desfile de chapéus de praia, mesmo estando em agosto e lá fora a chuva cair impiedosamente, mas ela quer um chapéu de praia. Um, dois, três, uma explosão de chapéus de praia experimentados e nada! Como os brinquedos são perto dali e no ar existe um cheiro de pipoca doce embriagante, tenho uma ótima idéia: “ mãe, vou lá levar pipoca para a neném(eles sempre são nenéns) e já volto, vai escolhendo”.
Saio da loja e já sinto os meus dedões do pé emitindo pequenos gritos de dor penso de novo: “ pq coloquei sapatos altos?”. Compro pipocas, estão frescas, chego nos brinquedos, Meus Deus! Ainda no carrossel?!, dou as pipocas e ela pula do carrossel com pipoca e tudo no meu colo, diz que cansou, mas quem cansou fui eu, são 21 quilos a mais em cima de meus pés com saltos altos! Agora sinto dor! Tudo dói, explico que mamãe não pode levar no colo que ela é menina grande, que mamãe está de salto alto, pode cair e, bom, ela é uma boa menina. E Eu uma mãe experiente, sei que o colo ainda é inevitável e 21 quilos levados no muque shopping adentro nem Mike Tysson se habilita, então, claro, que trouxe o carrinho, santa invenção! Ela senta no carrinho e vamos encontrar vovó, que para minha surpresa, não, isso não me surpreende também, ainda está na dúvida de qual chapéu de praia, em pleno inverno, deve levar. De súbito me bate um desânimo, e meus pés doem mesmo! Respiro fundo, lembro que em casa ainda tem Olcadil e digo: Mãe esse ficou tão bom, olha é tão lindo q vou até levar esse de outra cor, enquanto isso para desespero da vendedora minha filha começa a experimentar todos os chapéus e como boa filha de perua, vai complementando o figurino com todo tipo de acessório: pulseiras, cordões , anéis, e eu e babá correndo atrás dela, falando: não pode, olha, a moça vai brigar. Nada, ela continua tirando tudo do lugar, eu aumento o tom da voz: filha, to ficando zangada, já disse que não pode! Parece surda, corre puxa a pulseira da vitrine, faz os colares caírem, meus pés latejam e eu grito para a babá: tira essa garota daqui!!!
Penso: meu Deus, será q estou na TPM? A menina corre para fora da loja e quando eu vejo já entrou em outra, vejo nos olhos da vendedora uma expressão de pânico, digo : mãe, vai pagando aí, que eu vou dar um jeito nessa menina. Entro na outra loja e ela grita que quer um jacaré, é baratinho e vai fazer ela ficar quieta, penso. Compro.
Felicidade total, minha mãe comprou o chapéu, podemos ir para o carro, já penso em não ir mais para a outra loja, meus pés estão me matando.
No caminho para a porta de saída, uma loja de brinquedos reluzente faz minha filha esquecer o jacaré baratinho, pular do carrinho e como um raio adentrar o recinto, apesar dos meus apelos.
Não, não, esse vc tem, esse também, isso não pode, eu tento, pois como toda mãe de primeira viajem com tendências pseudo-comunistas, que tem a ilusão que a filha nunca vai tomar Coca-Cola nem comer no McDonald’s faço a minha parte. Mas a avó mais do que depressão puxa o cartão de crédito e compra tudo que ela quer e até o que não quer, saio da loja como a mãe megera, cheia de sacolas e querendo zunir meus sapatos longe!
Pago estacionamento, chego no carro, nova gritaria, ela quer porque quer abrir todos os brinquedos agora, explico que deve abrir em casa, que vai perder, que está escuro. Gente, por que eu explico tanto? Ela só berra! E, eu, berro com a babá: abre, abre logo essa porcaria!
As prateleiras, eu preciso das prateleiras, fico imaginando aqueles montes de brinquedos que estão espalhados no chão, todos arrumadinhos por ordem de tamanho, qualidade e cor nas lindas prateleiras. Meu marido me achando a mulher mais organizada do mundo, que sorte a dele! Com essa forte imagem na cabeça resolvo dar um pulinho básico até a outra loja, afinal é ali pertinho, sim, meus pés doem, mas eu agüento, toda mulher agüenta.
Chego na loja, minha filha berra porque quer levar todos os brinquedos que ganhou, explico, meus pés latejam, falo mais alto, meus dedinhos moídos, berro, enfio ela no carrinho só com um cavalinho e vou andando fingindo que não estou ouvindo os gritos dela. É sono, diz minha mãe. Sim, deve ser. Entrando na loja vejo que há uma área para crianças brincarem, em vão tento deixa-la lá com a babá, digo com uma voz afetada infantil: olha, quanto brinquedo legal, tem giz de cera, você pode até pintar! Ela me olha tipo: você já percebeu quantos brinquedos eu sozinha ganhei? Quanto eu posso brincar e pintar em casa? Imediatamente lembro dos brinquedos no chão, espalhados...prateleiras, prateleiras...Deus, onde ficam as prateleiras ?
Ando, procurando, a garota empaca, quer mexer em tudo, meus pés doem, eu grito, ela anda mais um pouco. Acho umas prateleiras, não servem, muito pequenas, a moça da loja diz que no andar de cima tem mais, no andar de cima? Saco! Meus pés doem, essa menina não pára! Escada rolante, mamãe quero colo, brinquedos arrumados, só até chegar lá em cima, depois vai para o chão.Prateleiras....saltos altos....
Ok, é enorme, milhões de opções, vários ambientes arrumados como se fossem a casa de “alguéns” , olho aquela imensidão, desamino, muito para andar, meus pés berram, esbravejam, minha filha começa a pular de cama em cama, a babá atrás, minha mãe, para variar, não sabe o que escolher. Por alguns instantes eu fico assim, paralizada, palpitação, taquicardia? Não, palpitação nos pés. Minha filha pula nas camas, depois senta em um sofá, diz q está cansada, cansada? Ela está de tênis, tem um carrinho para leva-la, alguns colos para revezar e ela está cansada? Sim, está cansada e diz q não vai sair daquele sofá. Apelos, imploração, berros, xiliques, meus pés doem, tentativas, prateleiras, mais berros, TPM, brinquedos espalhados, meus pés doem muito, escolhas, cores, cavalinhos, indecisão, taquicardia, mulher perfeita, muitos berros, livros de pedagogia, chantagem, odeio salto altos, mãe perfeita, Olcadil, menos 5 quilos, quero colo, terapia,chôro, ela pesa 21 quilos, prateleiras, prateleiras....
Saímos todas correndo da loja, criança berrando, sem prateleiras, meus pés doem e uma dor de cabeça começa a despontar, Tylenol, cadê meu Tylenol?
Chegamos no carro, abro as portas, coloca criança na cadeirinha, não deixa ela dormir, já é tarde para soneca, arranco os sapatos dos pés, sim! Que alívio! Êxtase total! Cadê a TPM? A dor de cabeça? Nada, nadica! Milagre! Cadê as prateleiras? Nada, nadica....brinquedos no chão, todos espalhados, péssima dona de casa, cores misturadas, tamanhos desorganizados, péssima esposa, que azar do meu marido!
Nunca mais coloco saltos altos com criança, nunca mais...